quinta-feira, 4 de julho de 2013

Luta pelo reconhecimento


Pessoas com deficiência enfrentam dificuldades quando o assunto é acessibilidade. O problema concentra-se na falta de infraestrutura adequada e na aceitação social

Clique e confira a reportagem em vídeo com Ana Júlia, realizada em 2012 pela UCSTV

Dados divulgados pelo Censo 2010 mostram que, no Brasil, 45,6 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência. Janete Clotilde Bandeira é mãe de Ana Júlia, 6 anos, deficiente em função de má formação da coluna vertebral.

Esse ano, Janete conseguiu transporte especial para buscar e levar a filha à escola, mas acredita que melhorias são necessárias. “Não há monitores no colégio que possam tomar conta da Ana Júlia. Assim, ao invés de usar as muletas, ela precisa ficar na cadeira de rodas. Também não existe fraldário, então preciso colocar uma fralda que dure a tarde inteira”, conta.

Para a presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência, Cassandra Gomes Ramos, o problema da acessibilidade está diretamente ligado à infraestrutura oferecida pela cidade, que carece de adequações, e à igualdade social. “Além das questões estruturais, é importante encarar o deficiente com naturalidade e saber valorizar o seu potencial”, diz Cassandra, que também é cadeirante.

O cientista social Flávio Marcelo Busnello explica que a sociedade não sabe lidar com aqueles que fogem do padrão de normalidade. “Olhamos para eles com indiferença, com medo, achando graça. Eles são foco de piada, violência, desrespeito ou da mais fria e profunda invisibilidade”.

A busca do deficiente é por uma acessibilidade que lhe permita não somente subir e descer calçadas, utilizar o transporte público e ir à escola, mas que possibilite também o respeito de forma igualitária e a aceitação do mercado de trabalho. A luta é por valores básicos: ser visto e reconhecido.

* A reportagem escrita foi atualizada em junho de 2013 e foi finalista do concurso Primeira Pauta, do jornal Zero Hora.