Há momentos em que a vida prega situações um tanto inusitadas.
Dia desses, depois do expediente de trabalho, às 21h, seguia no
ônibus mergulhada em minha leitura quando ouvi uma discussão.
Junto a um aglomerado de outras pessoas, um casal entrou na fila para
passar pela catraca. A moça, com cartão de estudante, passou primeiro. O rapaz
veio logo na sequência e já com o mesmo cartão em mãos arriscou passar também.
Foi então que a cobradora, sem medir muito as palavras e o tom de voz, coibiu a
tentativa.
Com a discussão, todos os passageiros puderam entender o que estava
acontecendo. O jovem, um tanto revoltado, retrucou dizendo que não tinha
conhecimento sobre a regra de que o cartão de estudante é individual. Disse ainda não carregar dinheiro algum para pagar a passagem.
Ele se dirigiu à porta e, ao ameaçar tocar a campainha, pude ouvir um
senhor chamando-o.
O homem, já com
alguns trocados contados sobre a palma da mão, ergueu-se e entregou o dinheiro
ao rapaz.
O jovem, de cabeça baixa e mochila nas costas, pagou a passagem e passou
pelo corredor, sentou-se próximo à saída, junto à garota que o acompanhava. Em
poucos segundos, ele se levantou e caminhou até o senhor que havia pago a
passagem. Com o troco contado, ele disse ao homem que a garota tinha dinheiro
na bolsa, embora no momento anterior tivesse esquecido, e devolveu-lhe o valor
da passagem.
Não sei se foi uma tentativa frustrada dos
jovens economizaram dinheiro utilizando passagens de estudante ou se a jovem
realmente pensou não ter dinheiro na bolsa. Sei que a atitude daquele senhor
foi tão nobre e enriquecedora que encheu minha alma de esperança.
Confesso
que quando gestos como esses acontecem, minha crença na humanidade se
intensifica.
Tenho muito a aprender ainda.
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