Já eram dez da manhã e a janela do quarto permanecia fechada. Sob a escrivaninha, algumas cartas revelavam a dor dos últimos dias. O telefone tocou, criou-se a expectativa, mas não era ninguém especial. Não que não fosse especial realmente, mas não era quem se esperava que fosse. Podia ter aberto a veneziana, iluminaria o ambiente, traria vida àquele recanto sombrio, e olha que o dia estava lindo lá fora.
O livro foi a companhia de boa parte daquela manhã. A leitura é sempre tão envolvente que passaria horas e até mesmo noites inteiras mergulhada por entre páginas diversas. Romances são os meus preferidos. Não que não leia contos, biografias e até mesmo algo científico.
Tinha medo do aconteceria. Sentiria falta do jeito estranho e envergonhado, da pessoa fechada que era, do medo de ser incompreendida, do amor, das amizades.
A dorzinha foi surgindo e eu, um tanto que guiada pelo espírito de outros, fui deixando a escuridão tomar conta de minha alma para não sofrer tanto. No fim, sabia que tudo iria passar e que aquele era somente mais um teste de resistência.
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