terça-feira, 22 de março de 2011

Certo olhar

Estava cansada. Não tinha como ir para casa. Resolvi ler um livro, promessa antiga que fiz a mim mesma e ainda não cumpri. Não aguentava segurar meus olhos abertos. Era um peso incrível. Minha pálpebra abria e fechava lentamente. Tudo que me preocupava naquele momento eram os outros. Tinha medo de que pudessem estar me vendo, me assistindo como se eu fosse a atração principal daquele palco.

Descobri que não estava só naquela pequena sala que compunha o todo. Um barulho chamou minha atenção. Asas debatendo e lá estava o pequeno inseto. Uma joaninha, igual aquelas que constumamos ver em livros infantis. A cor vermelha encantava junto às pontinhas pretas. Na verdade, o tamanho nunca condiz com o esperado. Não imagine algo grande. Parecia uma bolinha, minúscula. Linda!

Pensei em ajudá-la, já que o livro não prendia minha atenção e o sono estava me devorando. Passei um tempo virando e revirando aquela beldadezinha, mas não adiantava, ela parecia não gostar do que eu fazia e muito menos querer minha ajuda.

Resolvi não me mexer. Parei e comecei a observá-la. Entendi que minha intenção estava dificultando o seu plano, visto que não tinha compreendido o seu desejo. Entendi que as vezes acreditamos ser mais capazes do que os outros, mas nem sempre isso é fato. Muitas vezes ignoramos o pedido ao invés de oferecer a mão e quando oferecemos algo, geralmente a intenção não é a melhor.

Naquele dia, porém, a ideia era boa. Realmente queria ajudar. Ela, porém, me fez ver que compreender primeiro é melhor do que despender esforço ao léu.   

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