Recordo-me de uma entrevista que fiz,
certa vez, com um metalúrgico de quase 30 anos. Na ocasião, ele lembrava de um
acidente que havia sofrido há cerca de oito anos. Atropelado na beira da
estrada, enquanto trocava o pneu do carro, ele passou algum tempo em
recuperação e precisou ter uma das pernas amputadas. O responsável pelo
acidente nunca pagou pena alguma pelos danos.
Para o metalúrgico, tamanha violência no trânsito só
ocorre pela certeza da impunidade.
É difícil pensar em razões que levem seres humanos a
agir de maneira tão brutal e desumana. Ao mesmo tempo, porém, é visível o fato
de que situações como essas acontecem e voltam a se repetir porque o preço que
se paga pelos danos causados é baixo; muitas vezes nulo.
A impunidade fomenta a violência, na medida em que
abre brechas para o homem se testar e provar suas potencialidades, sejam elas
as mais variadas possíveis.
É preciso um sistema muito mais rígido, muito mais
eficaz, para que atos tão banais sejam barrados e para que vidas não sejam
perdidas a custo de nada.
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