Já era
comum ouvir dizer muito antes de ter escolhido o curso de Jornalismo que o
futuro profissional seria árduo. A insistência venceu a opinião dos pais,
familiares e metidos. No segundo ano da graduação, ainda sem me encontrar direito
no jornalismo, veio a notícia de que o diploma não era mais obrigatório.
Continuei insistindo para mim mesma que aquela decisão jamais faria diferença.
Hoje, há
dois meses de minha formatura, me divirto lendo o blog de Duda Rangel, rindo da
classe, da falta de perspectiva, da falta de rumo. Acho melhor rir, pois
realmente não tenho outra solução para o momento.
Ontem li um
texto publicado na revista Piauí em que uma jornalista descrevia sua carreira
profissional, desde sua entrada para o jornalismo até a quase falência completa
da mídia impressa. O que me
chamou atenção, além da identificação constante de sua história com momentos
que já vivi ou pensei que poderia viver, foi o título da matéria: Ilusões perdidas.
Em minha mente, fiz uma comparação entre este título e o do blog do Duda Rangel,
Desilusões perdidas. Ainda não entrei no mercado de trabalho senão enquanto
estagiária e me questiono a todo momento quando o jornalismo vai se encontrar,
vai deixar de ser perdido, ou será que esse tempo nunca chegará?
Ao mesmo
tempo em que acredito na sobrevivência do jornal impresso, mesmo diante de
dados assustadores sobre mortes após mortes de 'grandes nomes', me questiono
sobre as fórmulas aplicadas para a continuidade da imprensa, especificamente, escrita.
Sei que, para muitos, a melhor forma de conquistar o leitor é a informação direta, capaz de
agregar mais do que aquilo que já está no online. Porém, será que a solução não
pode ser o inverso? Conquistar aqueles que são atraídos pelas letras, por um
texto de qualidade, com profundidade?
Criticamos
os que não leem, mas o que estamos fazendo para incentivar a leitura? Cortando
o texto e entregando o conteúdo mastigado? Será que fomentar o ato de
interpretar, pensar e evoluir não faz parte um pouco do compromisso social que o
jornalismo assume com a sociedade?
Por isso
que ilusões ou desilusões perdidas chamaram minha atenção. Até agora não
consigo estabelecer de fato o que está perdido, se é que já não se perdeu de tudo
um pouco.
Sim, é utópico. Talvez daqui há alguns anos, o discurso mude.