Jorge Rafael Videla, junto a Emilio Massera e
Orlando Agosti, liderou o golpe de Estado no dia 24 de março de 1976. Durante o
período de ditatura na Argentina, entre 1976 e 1983, 30 mil pessoas desapareceram,
segundo organizações de direitos humanos. Conforme trabalhos realizados pelo
grupo Avós da Praça de Maio, aproximadamente 500 crianças foram roubadas
durante o período. Dessas, 108 recuperaram a identidade posteriormente.
O ex-ditador argentino cumpria pena de prisão
perpétua por crimes contra a humanidade. Ele morreu na manhã desta sexta-feira,
dia 17 de maio, na prisão de Marcos Paz, região metropolitana de Buenos Aires.
Videla chegou a confessar 8 mil mortes durante a ditadura, mas nunca reconheceu
o tribunal que o condenou.
Ao ver a notícia da morte de Videla, lembrei-me
imediatamente de uma reportagem publicada pela revista Piauí e assinada por
Francisco Goldman: “Filhos da guerra suja: os órfãos roubados na ditadura argentina”.
É impossível não se emocionar com as histórias
contadas pelas avós, aquelas da organização Avós da Praça de Maio. Delas já lhe
foram roubadas as vidas dos filhos, dos genros, das noras. Ainda assim,
alimentam a certeza de que encontrarão seus netos perdidos.
Quando é anunciada a morte de uma pessoa como
Videla, é natural que alguns comemorem. Como julgar uma senhora que “se
tranquiliza” com a morte de um ex-ditador depois de conhecer um pouco do
sofrimento e da dor causados pelo general. E pior, Videla nunca se mostrou de fato arrependido pelo que fez.
Nora Cortiñas, porém, ressaltou uma questão
importante. Ela disse não festejar a morte do ex-general, pois “ditadores como
Videla morrem e levam com eles os segredos mais importantes”.
Videla certamente levou os seus. Polemizou
enquanto ‘preso político’, modo como definia sua situação. O “ser desprezível”,
assim classificado pela líder das Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, morreu.
Suas ações, entretanto, deixaram marcas que perdurarão ainda por tempo
indeterminado.
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