Era passada da uma da manhã quando ele resolveu deitar seu livro na cabeceira da cama e puxar papo com a mulher. Ela também lia, mas de uma leitura mais lenta e densa, sinto ainda o peso das palavras. A conversa tomou um tom caprichoso e depois da insistência, o assunto foi parar no lugar mais lindo e ao mesmo tempo obscuro daquele romance. E quem diz que alguém resolvia o dilema do casal. Um afirmava não ter se apaixonado pelo outro e o outro retrucava sem admitir a afirmação. Para os dois, o começo daquela união que já beirava os cinco anos era a mais pura tentativa de fugir da solidão, mas jamais uma paixão imediata.
Seja lá o que uniu o jovem casal, de uma coisa tenho certeza: quando acaba a discussão, acaba a paixão, acaba o amor. Difícil descrever esse sentimento. Mais difícil ainda é diferenciar amor e paixão. Ponho mais um termo para complicar-lhes a definição – apego. E então, conseguirias vós me ajudar a descobrir o que une um casal? Ou melhor, do que um romance eterno (que nunca dura para sempre) é composto?
Devo só mais umas palavrinhas. Não sei definir o amor e a paixão. O apego até saberia. Do que importa? Não sei o que eles representam na vida de duas almas que resolvem se unir. E, seja lá o que carrega essas almas e durante sabe-se lá quanto tempo, até aqui só tenho a agradecer ao outro que divide esta caminhada comigo. Então, ao meu amor J.P., devo dizer: – Eu te amo. Ou melhor: – Estou apaixonada por você. Ou: – O que sinto por você é apego. O que ei de dizer não fará diferença alguma, pois enquanto esse sentimento forte persistir, nós também estaremos ligados e como defini-lo agora, isso é o de menos.
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